Ministro e procurador-geral já haviam entrado em choque antes por desacordo no inquérito das fake news
O procurador geral da República, Augusto Aras, e o ministro do STF Alexandre de Moraes Foto: Arquivo O GLOBO
BRASÍLIA — O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes passou a fazer duras críticas, em conversas privadas, à atuação do procurador-geral da República Augusto Aras após o pedido de arquivamento do inquérito dos atos antidemocráticos, que mira bolsonaristas. O caso expôs publicamente a divergência entre os dois, mas faz parte de uma série de embates envolvendo posicionamentos de Aras contra medidas de investigações que atingiam aliados do Planalto.
Ministro e procurador-geral já haviam entrado em choque antes por desacordo no inquérito das fake news, também relatado por Moraes, e quando o magistrado autorizou buscas contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sem informar previamente à PGR, o que irritou Aras.
A nova contenda fez a briga escalar nos bastidores. A avaliação de ministros do STF é que o pedido de arquivamento foi um aceno de Aras ao presidente Jair Bolsonaro pela indicação à cadeira que será aberta na Corte com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello, em julho. De acordo com interlocutores, Alexandre de Moraes teria ficado “estarrecido” com a manifestação da PGR e apontou a existência de falhas no pedido de arquivamento.
A procuradoria-geral argumentou que a Polícia Federal ficou um ano com o inquérito e não produziu provas de crimes contra os parlamentares investigados. Por entender que havia elementos suficientes para o prosseguimento do caso, Moraes decidiu tirar o sigilo do inquérito e expor as provas coletadas. E pediu esclarecimentos à PGR sobre a extensão do arquivamento. Após a resposta, o ministro decidirá o rumo da investigação. No Supremo, ministros têm dito que vão respaldar as decisões que Moraes tomar.
Os embates entre o ministro e o procurador-geral da República remontam a maio do ano passado. Na ocasião, Moraes enviou à PGR um pedido de busca e apreensão contra apoiadores do presidente Jair Bolsonaro formulado dentro do inquérito das fake news, que apura ataques à Corte. Aras respondeu que considerava necessário apenas tomar o depoimento dos alvos da investigação, sem a realização de buscas. Também se posicionou contra o bloqueio de contas nas redes sociais usadas por bolsonaristas para ataques ao STF.
Credito: o globo - Aguirre Talento e Mariana Muniz
Blog: ipanoticias - Neto Camilo Radialista
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